quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

A Colmeia de Noé (parte II)

Conforme combinado há meses atrás, o “Montedomel” e o “Abelha Preguiçosa” voltaram a unir-se na colecção de bichos encontrados nas colmeias e voltamos a publicá-los em conjunto.
Continua a impressionar-nos a quantidade e diversidade de “bichos” que nos povoam as colmeias, em busca de alimento, calor, protecção e sabe-se lá o que mais… uma coisa é certa, as abelhas, apesar do ferrão, não são assim tão má companhia, senão veja-se:
A Acherontia atropos, ou borboleta caveira, dizia-se dela que emitia um zumbido tão inebriante para as abelhas, que estas as deixavam entrar e roubar-lhes o mel impunemente. Impunemente? Certo é que sempre se encontram estes lepidópteros mortos e propolizados no interior das colmeias.

Quem não se lembra dos antigos livros de apicultura, onde dedicavam páginas atrás de páginas a este “inimigo das abelhas” como se fosse uma das piores pragas que afectavam as explorações apícolas. Bons tempos, actualmente temos tanto por onde escolher que à Acherontia quase não lhe damos importância.

Os Grilos, não nos passa p’la cabeça o que este insecto procura junto das abelhas, no entanto também é um dos mais assíduos frequentadores.


Este, coitado, pagou caro pela curiosidade…


As vespas, as primas das abelhas, ora surpreendem pelas cores contrastantes e garridas ou pela arquitectura das construções.

Os Vespões são de facto assustadores, atentem na frieza deste que mal chegou à tábua de voo, seleccionou a vítima e decepou-a.


A Traça e a Varroa, todos conhecem os estragos que estas duas pragas há muito provocam nas abelhas e colmeias.


As Aranhas, nunca fazem boa companhia, salvo que neste caso apenas aproveitaram o lugar quente para nidificar. Vamos ser optimistas e acreditar que elas se alimentam apenas dos insectos que incomodam as abelhas.

Este ninho de aranha estava junto ao apiário, pertence a uma espécie de tarântula que caça de emboscada. A “toca” tem uma tampa de terra e ceda, presa por uma dobradiça desta última substância e que permite a sua abertura rápida para caçar as presas que dela se aproximam. Repugnante qb…


Outros predadores, a Louva – a – Deus, na minha infância, a rapaziada da aldeia tinha um jogo com este insecto: “Louva – a – Deus, Louva – a – Deus, põe as mãos senão eu mato-te” e o bichinho lá juntava as patas como se rezasse… Nesses tempos a “Play Station” utilizava um software mais orgânico!!!

O Redúvio Mascarado, uma espécie de percevejo predador, não acreditamos que ataque as abelhas. Trata-se de um curioso insecto que segrega uma substância gordurosa acabando por aderir pó e pequenas partículas que lhe dão o mau aspecto.


A Salamandra, apesar de se alimentar de insectos não constitui qualquer problema nos apiários, até porque muito raramente abandona os locais húmidos para se abeirar das abelhas.

Outros mais simpáticos…

A Joaninha, também tão frequente no folclore da província: “Joaninha, Joaninha, vai ao céu buscar farinha…”; “Joaninha voa voa que o teu pai está em Lisboa…” desconfio que as lengalengas fossem mais longas, longas demais para a minha memória…
Tiremos-lhe o chapéu, é um dos ícones da luta biológica na agricultura.

A Maria Café, muito comum nos bosques, onde deambula e se protege entre as folhas caídas. Não lhe conheço grande utilidade, mas parece bastante simpático!!!
Este é tão comum e engraçado que nem lhe sei o nome, nem paciência para o ir consultar.

Os “fora da lei”

De facto estas moscas estão ali escondidas “com cara” de quem não a fez boa…

E esta? Uma mosca a mimetizar uma vespa? Ou vice versa…


Parece uma barata, em pleno parto ou acasalamento flagrante?


Bem bonito, mas não lhe sabemos o nome. Talvez seja um “turista acidental”…


Parece uma aranha, mas é de um ácaro que se trata, um primo afastado da Varroa.


Esta é a Finita, a cadela do Ricardo, também se encontra muitas vezes nos apiários…


4 comentários:

  1. Antes de mais, um pedido de desculpas/agradecimento da minha parte ao Adelino Ramos (Blog Mel Fonte Nova) e ao Francisco Campos, pelas fotos da Borboleta-Caveira e da Traça da cera.
    Só já tarde é que vi as suas fotos e não tive tempo de falar com eles antes da publicação que eu e o Joaquim Pifano tínhamos agendada. Como também não consegui falar com o Joaquim antes da hora que tínhamos para a publicação, as fotos acabaram por ser publicadas sem eu ter dado pelo menos uma palavra aos seus autores.
    Como não tenho o vosso contacto, caso haja algum problema podem falar comigo em abelhapreguicosa@gmail.com

    Até agora nunca calhou ver essa borboleta nas minhas abelhas, ainda parece ser um bicho grande!

    Um abraço, obrigado, e mais uma vez desculpem lá a trapalhada!
    Ricardo Pinto

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  2. Parabéns pela iniciativa, pouco comum, de partilha de informação entre dois blogues.

    Alguns "bicharocos" eram totalmente desconhecidos para mim! então aquele chamado redúvio!!!!?????

    A Finita já a conheço mas nunca a tinha visto a desempenhar o papel de apicultora.

    Continuem Abelha preguiçosa e MontedoMel nessa interessante busca dos que parasitam à volta das colmeias. Que me lembre ainda faltam, as várias espécies de formigas, os javalis, os ratos, o homem; este deve ser por certo o maior parasita, pois é o que rouba mais às abelhas.eheheheh

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  3. Parabéns ao autor do Blogue. Bom ano de 2011 extensivo à família.
    Um Abraço

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  4. Bom ano também para ti e para os teus, Octávio!

    Realmente o Redúvio (até o nome é engraçado hehe) tem um aspecto bem fora do vulgar, é uma espécie de Mestre de Camuflagem!
    Já o tinha visto várias vezes no campo, mas foi a primeira vez que levantei um telhado e o encontrei na tampa de uma colmeia.
    Ao fim ao cabo isso não é nada de invulgar porque há bicharada, principalmente insectos, espalhados por todo lado, nós é que muitas vezes não damos por eles.
    ...e se calhar, em relação a alguns, ainda bem que isso acontece! :)

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