sábado, 3 de julho de 2010

A nossa "amiga"

Muito dá que pensar e dizer, a varroa, o principal parasita da abelha de Mel...
Dizer parasita é se calhar um erro pois para além de parasitar a varroa destrói as colónias de abelhas. Quando apareceu a varroa nos sítios onde ela não existia, em Portugal nos anos 80, toda a apicultura mudou.



Distribuição actual - 2010 - segundo universidade da Florida

Nas colmeias a varroa encontra-se mais na zona da criação porque é aí que ela prospera,
e há quem diga que é esperta ao ponto de escolher as abelhas a que se agarra.
A maneira que a natureza da varroa encontrou para escolher as abelhas é o cheiro de Nasanov cujas essências componentes (o Geraniol por exemplo) repelem a varroa, fazendo-a agarrar preferencialmente às abelhas mais jovens onde este cheiro é menos activo.
Coisas que se lêem por aí...


Mas sendo isto correcto, tem alguma lógica pois é às abelhas amas que interessa estar agarrada pois estas é que dão mais oportunidade a varroa de entrar nos alvéolos para se reproduzir. Também é natural que ela se agarre mais às abelhas amas pois é na criação que a varroa nasce e essas são as primeiras abelhas que ela vê.
E por azar as que vão caindo das costas das abelhas vão parar ao estrado, logo tão perto da maior zona de criação, nas nossas colmeias!


Embora já tenha ouvido de pessoas cujo saber respeito e admiro, que a varroa depois de cair no tabuleiro dos estrados higiénicos não volta a subir, eu tenho as minhas dúvidas. Lembro-me de no ano passado andar a observar mais ou menos a queda de varroa nos tabuleiros e de ter apanhado um susto quando, pela altura dos tratamentos, pincelei os tabuleiros com parafina para obter uma leitura mais exacta. Era uma contagem bastante superior do que na semana anterior o que denunciava ou um aumento brusco de varroa ou que há muita varroa que, por não ter nada que a prenda ao tauleiro, consegue abandona-lo.
Depois de ter visto como vi há pouco a mobilidade da varroa ainda mais me convenço disto.



Varroa em larva de Zangão recentemente selada



É incrível o poder que a varroa tem de se agarrar a uma coisa e não largar! Que fará nas abelhas!
É também incrível que, mesmo depois do favo de onde foram retiradas estas ter estado no frigorífico durante a noite, no dia seguinte as varroas existentes ainda estavam vivas. É sinal que aguenta temperaturas mais baixas que as abelhas.


Estas varroas de cor mais clara ou são varroas ainda imaturas ou então são machos de varroa (Varrôos :) ) mas penso que não será o caso porque os machos são mais pequenos. A sua presença nos tabuleiros pode-se dever a comportamento higiénico das abelhas que detectaram um alvéolo infectado e limparam-o. Sendo assim e se este comportamento fosse muito acentuado então estas abelhas seriam de estimar.
A outra hipótese é que sejam varroas que não chegaram a completar o seu desenvolvimento devido ao facto de a abelha ou zangão do alvéolo em questão ter nascido, interrompendo assim o seu amadurecimento e isto certamente que acontece mais no caso das obreiras pois os zangãos como demoram mais tempo a nascer dão hipóteses a mais varroas. Ainda incapazes de se cravar nas abelhas acabam por ser eliminadas pelas abelhas que limpam os alvéolos o que não deixa de ser também comportamento higiénico.
Com um microscópio poderíamos ver se as varroas que caiem nos estrados têm sinais de dentadas de abelha ou partes aparentemente arrancadas, o que de algum modo também traduz comportamento defensivo da abelha em relação à varroa.

Varroas ainda mais imaturas que as anteriores, ou alguns serão machos, e ainda dentro de alvéolo de zangão que foi depois rasgado para fotografar melhor. Fiquei admirado e com a quantidade de criação de varroa mas não quer dizer que toda chegue a adulta. Alguns dos riscos brancos no fundo do alvéolo presumo que sejam os dejectos da cria de zangão.


Estes ciscos escuros não faço ideia do que sejam... ??


Esta é nitidamente uma fêmea!


Em algumas fotos como é o caso desta, a forma da varroa parece-me ser mais a de um macho!





É terrível!

E é incompreensível se pensarmos que ao longo do território português há diferenças de direitos entre apicultores, na ajuda para lutar contra este problema.
Ao assistir a isto tudo é preciso não esquecer que se esta a assistir a algo que é muito prejudicial às abelhas e causa de muitos outros problemas.
Dentro e fora da colmeia...

7 comentários:

  1. Olá! Vou comentar-me a mim próprio! :)
    Após pesquisar um bocado desconfio que aqueles ciscos em cima da pupa (ou pré-pupa) são na verdade a postura da varroa fêmea inicial.
    Dessa primeira postura só não sei bem é se só nascem machos...

    Seja como for preferia não os ter visto lá e fico até meio mal disposto de ver tanta varroa!
    Que mensagem mais indigesta!

    ResponderEliminar
  2. Realmente a varroa é devastadora, tem ai grandes pormenores e uma boa explicaçao, mas tanta varroa assim?? nunca tinha visto uma concentração tão grande.
    Abraço
    Ferradela

    ResponderEliminar
  3. Olá!
    Eu até esta ocasião só ainda tinha visto varroas mortas. Assim a mexerem-se é um pouco assustador!
    Eu não sei bem quantas filhas e filhos gera a varroa-mãe inicial num alvéolo mas tenho impressão que ainda são bastantes e nas fotos vêem-se bastantes machos (acho eu) embora acho nem toda essas varroas vingam.

    No favo todo, onde foram tiradas as estas fotos, não me pareceu que fossem assim tantos os alvéolos com varroa, embora eu não os tenha aberto todos, mas o que me surpreendeu foi, como se vê numa das fotos, haver tanta varroa fêmea adulta num só alvéolo, pois pela idade dos zangãos do favo em questão (ainda não tinham sequer cor nos olhos) ainda não era suposto estarem tão desenvolvidas.
    Posso ter-me distraído quando abri os alvéolos... Não sei...

    Um abraço

    ResponderEliminar
  4. Esses talibans de colmeias são sempre um problema, vai haver uma acção de formação com vários testes este próximo fim de semana, e é sobre a varroa, oxalá o Francisco Rogao consiga o resultado positivo afim de minimizar danos por vezes irreversíveis, eu não vou poder comparecer, mas espero por uma resposta final de boa solução a esse problema.

    Abraço
    Ferradela

    ResponderEliminar
  5. Olá!
    Pelo que vi hoje, a colmeia de onde saíram estas varroas, não pode estar muito infestada. Pelo menos, se estivesse era de notar sinais típicos da varroa.
    Mas ela tem é muitos zangãos! e fiquei até com alguma desconfiança que estivesse zanganeira pois apenas vi ovos!
    mas era uma postura certinha...

    O meu erro em relação a este quadro onde foram tiradas as fotos foi não ter calculado efectivamente uma espécie de taxa de infestação para saber em que pé estava!
    Com um chuveiro e dois filtros isto talvez seja mais fácil. O chuveiro para forçar a saída das pupas dos alvéolos, um filtro para impedir a sua passagem, e um outro filtro de malha fina para impedir a passagem da varroa, para depois se poder contar. Depois, tendo o numero de varroas, é fazer as contas ao numero de alvéolos de zangão que cabem num quadro (se for um quadro completo de zangãos)!

    Haverá outras oportunidades...
    Um abraço

    ResponderEliminar
  6. amigo Ricardo a varroa nós sabemos que é lixada mas nós tambem somos lixados , e duas vezes , senão vejamos ,a varrôa dá cabo das abelhas ,os quimicos que nos impingem dá-nos cabo da carteira ,e a varrôa continua lá ,conclusão ficamos senm dinheiro e sem parte das abelhas . Eu passei ao mètodo mais simples mas mais trabalhoso , sempre que faço vistoria ás colmeias tento eliminar grande parte dos alvéolos de zangão , que segundo os entendidos é o local onde se desenvolve a criação da varrôa , o que pela lógica vai ajudar a controlar a propagação da varrôa, pode não ser muito eficaz mas que ajuda isso estou certo .
    um abraço.
    MELFONTENOVA

    ResponderEliminar
  7. Olá!
    Mesmo que não seja uma solução definitiva pelo menos sempre ajuda.
    Este ano fiz a experiência introduzindo quadros vazios de maneira a que elas fizessem só alvéolos de zangão, que depois de operculados foram retirados. As fotos desta mensagem são de um desses quadros.
    O problema é que só fiz isto uma vez e isto deve ser feito regularmente...

    Mas atenção, se há um enxame cujas características nos parecem boas então acho que devemos deixa-las produzir zangãos à vontade para que essas características se possam propagar aquando da fecundação das rainhas!

    Um abraço
    Ricardo

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.